Liberdade de expressão algorítmica

05 fev Liberdade de expressão algorítmica

A internet e as redes sociais foram recebidas com tom de euforia pelas sociedades modernas: ampliaram as vozes de quem não as tinha, garantiram o acesso à informação que não chegava a determinados lugares, e possibilitaram uma comunicação em tempo real com qualquer pessoa do mundo (e às vezes até fora dele). Tudo isso significaria o ápice da liberdade de expressão, já que, em tese, a informação na internet não poderia ser freada.

 

O precipitado regozijo teve fim quando notou-se que a internet não era uma zona livre da ingerência de Estados e corporações; a contrário, os algoritmos que controlam os tráfegos possuem forte poder decisório sobre as informações veiculadas, e a quem elas se destinam. Os resultados do Google, os amigos do Facebook, os livros que alguém compra, a música que se ouve, o trajeto escolhido pelo GPS e as ações que são compradas e vendidas na Bolsa, são manejados por algoritmos.

 

Com a crescente sofisticação, as plataformas captam dados cada vez mais precisos sobre os usuários, conhecidos como big data, permitindo que seus algoritmos tomem decisões com base no padrão de consumo, possibilitando a oferta de produtos que o consumidor jamais imaginava desejar.

 

O escritor best seller Yuval Noah Harari, em seu livro 21 lições para o século XXI, aponta que os algoritmos serão a chave para entender conceitos como livre arbítrio e liberdade de expressão. Segundo o autor, “sentimentos são mecanismos bioquímicos que todos os mamíferos e todas as aves usam para calcular probabilidades de sobrevivência e reprodução. Sentimentos não se baseiam em intuição, inspiração ou liberdade – baseiam-se em cálculos” (p. 72-73).

 

Portanto, entender o funcionamento e o alcance dos algoritmos será essencial no debate sobre livre arbítrio – se o big data sabe mais sobre nós do que nós mesmos, substituirá ele nosso poder de escolha e consequentemente nossa autonomia individual? Como as democracias liberais, que se baseiam nestes conceitos irão reagir à esta mudança de paradigma?

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#algoritmos #internet #google #facebook

FONTES:

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511208-os-algoritmos-nao-merecem-a-liberdade-de-expressao-afirma-especialista-em-internet – acessado em 08/10/2019

http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Desafios-a-Liberdade-de-Expressao-no-Seculo-21.pdf acessado em 08/10/2019

Yuval Noah Harari – 21 lições para o século XXI, Ed. Companhia das Letras.